Outra contribuição enviada pelo Victor Silveira que dá bem a dimensão do grau de paixão que desperta torcer pelo xavante.
"Não recordo o ano exato e nem qual o campeonato, mas era como só acontece com o meu GEB, uma disputa em âmbito nacional, mas foi por volta de 1999 ou 2000.
Eu estava morando em Curitiba, PR e soube que haveria um jogo em Paranaguá, cidade portuária distante aproximadamente 90 quilômetros de Curitiba, do time local, o Rio Branco contra o meu Grêmio Esportivo Brasil.
Em Curitiba, o Xavante é frequentemente citado como exemplo de paixão por parte da torcida e também pela grande quantidade de gaúchos que moram lá, principalmente os pelotenses formados na ETP.
Reunimos uma turma que lotou uma van alugada e um Monza e nos mandamos para lá, em número de 12 pessoas!
Chegando ao estádio, todos devidamente fardados, ao comprarmos os ingressos notamos desconcertamento do bilheteiro e vimos quando ele chamou o encarregado da segurança.
O encarregado quis saber se éramos os únicos torcedores e dissemos (mentimos) que não, pois estávamos a trabalho na cidade, mas que sabíamos que de Curitiba deveriam chegar uns 5 ônibus, fora os 10 que estavam vindo de Pelotas e de Santa Catarina.
O cara ficou danado pois disse que não tinha sido avisado de nada e improvisou um local para nós com cordas e 4 (quatro) policiais militares.
Nem preciso dizer a recepção que tivemos da torcida deles. Viados, era o que mais se ouvia!
Ainda bem que estava calor, pois o banho de cerveja que tomamos foi enorme.
Os times entram em campo, os jogadores do Brasil olham pra arquibancada e vêem aqueles 12 loucos pulando no meio da torcida adversária e vão até a tela.
O comandante dos policiais insiste em saber pelo resto dos ônibus que viriam e dissemos que não podíamos saber de nada, pois talvez estivessem presos na estrada etc. e tal.
Havia até uma rádio de Pelotas que entrevistou um de nós e nos chamou de heróis ( não lembro qual a rádio).
Para nossa sorte, infelizmente o Xavante estava mal e eles saíram vencedores, mas antes do jogo acabar eles nos chamaram para o meio deles para beber cerveja e acabamos contando que tudo era armação nossa pra não apanhar, quando um deles nos disse uma frase que nunca mais esquecerei:
VOCES SÃO VIADOS, MAS SÃO MUITO MACHOS PRÁ FAZER ISSO!
Depois disso, um palhaço pelotense quis ir para o meio deles com a camisa daquele timinho da Bento Gonçalves e acabou corrido e vaiado pela torcida do Rio Branco.
Nos convidaram a voltar a cidade para assar e saborear um verdadeiro churrasco gaúcho com eles, mas em seguida voltei para Pelotas e não sei se os que continuaram em Curitiba cumpriram a promessa.
Decididamente, só o Xavante para proporcionar alegrias e aventuras como essas. "
" De Nelson Rodrigues, considerado o maior cronista de futebol, se disse que o que lhe interessa nunca é o esporte em si. O estádio, os jogadores e a multidão não passam de um grande cenário, um pano de fundo para o que realmente representa, na visão do autor, uma partida de futebol: a metáfora da batalha vital de paixões e de tragédias que move a existência humana. Pergunto-me o que diria e o que escreveria se tivesse conhecido o xavante e a torcida rubro-negra, a xavantada..."
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
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