Recebo da Tânia Cabistany, jornalista, o texto que segue, com o comentário: "não é a primeira vez que assumo ser xavante. A primeira foi no artigo que escrevi depois da cobertura da tragédia, em janeiro. Mando ela abaixo para você também. Um abraço "vermelho" Tânia
É Paixão Pura
O Grêmio Esportivo Brasil completa 98 anos de fundação neste feriado de 7 de setembro, mas já está em contagem regressiva para o centenário. Em 2011, nos cem anos do time da Baixada, a passarela do samba vai ser pequena para a passagem da escola General Telles. Nada mais justo do que a entidade, também da Várzea, vizinha do Brasil e devidamente identificada com o rubro-negro, transforme em tema-enredo uma história de conquistas, uma trajetória de vitórias e até de derrotas, mas sobretudo de paixão extrema.
A torcida do Brasil é algo inexplicável. Se o time vence ela festeja, coloca para fora uma alegria sem fim; se perde ela permanece lá, do lado, dando força e acreditando. Sempre acredita, porque o rubro-negro é sua maior paixão. Já ouvi torcedores falando que o Xavante está acima de namoradas e mulheres. Não tem para ninguém em dia de jogo, não há quem segure em casa essas pessoas que vão para o estádio e jamais se cansam de acreditar, de empurrar o time durante os 90 minutos de partida. Não é à toa que no topo das arquibancadas está escrito: Sempre a maior e mais fiel.
São crianças, jovens, adultos, idosos. Homens e mulheres que se misturam à multidão vermelha que lota as arquibancadas do Bento Freitas. É um mar de gente que vibra, torce, grita, xinga, ri e chora. Mas não esmorece nunca. As manifestações das arquibancadas por vezes são extremamente divertidas. Em jogos sofridos, quando aquele gol tão esperado não vem, quando a bola vai e vai de novo, bate na trave mas não entra, já ouvi algo do tipo: "Ai minha safena!". É muita adrelina.
O Brasil não passou para a Série B, mas nem por isso o time perdeu o apoio dessa torcida maravilhosa, capaz de emocionar pela arte de manter o apoio incondicional, mesmo depois de aguentar a chuva torrencial e o frio que fazia na partida decisiva. O estádio estava lotado, creiam. No mesmo dia, logo depois do jogo, palavras de consolo, de crédito e de esperança estavam lá, em fileira de recados no orkut do jogador Alex Martins.
Assim são os torcedores xavantes, essa gente "vermelha" que em 2011 vai se unir ainda mais à General Telles, uma escola de samba que não tem apenas a mesma cor que simboliza o sangue e predomina na Baixada, mas que é a cara da Várzea, assim como o Brasil. Que me perdoe quem não é xavante, quem não é Telles. E para completar essa estreita ligação entre Carnaval e futebol chegou quem faltava: a Xavabanda. Manifestação popular é o que há de mais autêntico. Respeito todas as entidades carnavalescas, por quem tenho o maior carinho. Digo o mesmo em relação aos demais times. Falo aqui apenas do que vejo e sinto( Tânia Cabistany)
" De Nelson Rodrigues, considerado o maior cronista de futebol, se disse que o que lhe interessa nunca é o esporte em si. O estádio, os jogadores e a multidão não passam de um grande cenário, um pano de fundo para o que realmente representa, na visão do autor, uma partida de futebol: a metáfora da batalha vital de paixões e de tragédias que move a existência humana. Pergunto-me o que diria e o que escreveria se tivesse conhecido o xavante e a torcida rubro-negra, a xavantada..."
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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Parabéns Tânia! Teu terxtotraduz exatamente o sentimento do "ser Xavante"!
ResponderExcluirMiguel, estás convidado a contribuir com um texto para o site Xavantada.
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